Terremotos no Brasil.

Quando uma catástrofe relacionada com um terremoto de grandes proporções atinge um determinado país, logo surge a preocupação na mente de muitos brasileiros: é possível haver terremotos no Brasil? E se houver, as nossas cidades correm o risco de serem profundamente afetadas por esse problema?

Antes de mais nada é necessário entender quais são as causas possíveis dos terremotos. A primeira, e a principal delas, é a instabilidade geológica gerada pelo choque entre duas placas tectônicas. Os terremotos ocorrem quando há um alívio da tensão gerada por esse choque ou uma acomodação repentina dessas placas.

A segunda causa é a ação de pequenas falhas geológicas, que são pequenas fraturas no relevo que, eventualmente, movimentam-se e provocam tremores, embora eles sejam de menores proporções.

O território brasileiro encontra-se posicionado no interior da placa tectônica sul-americana, portanto, longe das áreas de maior instabilidade geológica. No entanto, no interior do nosso território, há algumas falhas geológicas em algumas áreas, o que tem provocado alguns eventuais tremores.

Uma Lista de sismos no Brasil desde o ano de 1807 até os dias atuais pode ser conferida visitando este link.

O Brasil não é conhecido por terremotos de grande poder de destruição. Não faz muito tempo, era comum se ouvir que o país é abençoado por estar livre de sismos.

Os tremores detectados nos últimos anos, como o que afetou em 2015 Mariana, em Minas Gerais, indicam que isso não é verdade. Os terremotos no Brasil são de baixa a média magnitude, assim como os do centro-leste dos Estados Unidos e do interior da Austrália.

Em comum, essas regiões dos três países compartilham o fato de serem áreas nas quais a litosfera, a camada mais superficial do planeta, é mais estável – essas áreas coincidem com o interior das placas tectônicas, os imensos blocos em que se divide a litosfera.

Acreditávamos que os sismos tivessem as mesmas características no interior desses países”, conta o geofísico Marcelo Assumpção, da Universidade de São Paulo (USP). Não foi o que ele e o geofísico Caio Ciardelli, seu orientador no doutorado, observaram.

Examinando dados de seis tremores registrados entre 2010 e 2015 e informações de outros 16 ocorridos anteriormente, eles estabeleceram o perfil dos terremotos brasileiros. Eles têm particularidades.

Originam-se mais próximo da superfície, entre 1 km e 10 km de profundidade, e liberam menos tensão, em geral acumulada em fraturas mais extensas nas rochas, do que os tremores dos outros dois países (Journal of South American Earth Sciences, 29 de janeiro).

Por essas características, os terremotos brasileiros deveriam causar menos danos do que os norte-americanos e os australianos. “Só não causam menos estragos porque aqui as casas e outras construções não estão preparadas para suportar os tremores”, explica Assumpção.

Anualmente, centenas de tremores acontecem no país, porém poucos são perceptíveis sem a ajuda de sismógrafos e raríssimos os que ultrapassam a casa dos 6° na escala Richter, considerado de médio risco, e jamais houve registro de um tremor que chegasse a 7°. Portanto, no país, é improvável que ocorram catástrofes como as já registradas no Nepal, no Japão, no Chile e em outras áreas.

No Brasil, os tremores de terra só começaram a ser detectados com precisão a partir de 1968, quando houve a instalação de uma rede mundial de sismologia. Brasília foi escolhida para sediar o arranjo sismográfico da América do Sul. Há, atualmente, 40 estações sismográficas em todo o país, sendo que o aparelho mais potente é o mantido pela Universidade de Brasília.

Há relatos de abalos sísmicos no Brasil desde o início do século 20. Segundo informações do "Mapa tectônico do Brasil", criado pela Universidade Federal de Minas Gerais, em nosso país existem 48 falhas, nas quais se concentram as ocorrências de terremotos.

Ainda segundo dados levantados a partir da análise de mapas topográficos e geológicos, as regiões que apresentam o maior número de falhas são o Sudeste e o Nordeste, seguidas pelo Norte e Centro-Oeste, e, por último, o Sul.

O Nordeste é a região que mais sofre com abalos sísmicos. O segundo ponto de maior índice de abalos sísmicos no Brasil é o Acre. No entanto, mesmo quem mora em outras regiões não deve se sentir imune a esse fenômeno natural.

Pelo menos 30 dos 184 municípios do Ceará já apresentaram manifestações sísmicas. Cidades como Pacajus, Pereiro, Palhano, Irauçuba, Cascavel e Baturité são locais frequentemente associados a abalos sísmicos.

Foi também no Ceará o maior tremor registrado no Nordeste, com epicentro no município de Pacajus, cerca de 70 km de Fortaleza, capital do estado, sendo o terremoto de magnitude considerável (da ordem de 5° na escala Richter) mais próximo de uma metrópole brasileira.

O estado do Rio Grande do Norte foi o palco dos eventos sísmicos da cidade de João Câmara. Na ocasião, a falha de Samambaia, cuja extensão inicial era de 10 km, alcançou quase 30 km. Se o aumento desta falha tivesse ocorrido de forma mais abrupta, ou seja, de uma única vez, um sismo da ordem de 7° na escala Richter poderia ter sido gerado.

Na região ocorreu uma grande e duradoura sequência de abalos sísmicos fazendo a terra tremer intermitentemente por cerca de sete anos. Além dos dois maiores sismos com magnitudes de 5,1 e 5,0, ocorreram outros vinte com magnitude igual ou superior a 4° na escala Richter.

Embora grande parte dos sismos brasileiros seja de pequena magnitude (4,5 graus na Escala Richter), a história tem mostrado que, mesmo em "regiões tranquilas" podem acontecer grandes terremotos.

Embora os eventos sísmicos ocorridos no Brasil não tenham gerado grandes consequências, em algumas situações foram motivo de preocupação e exigiram maior atenção por parte da comunidade técnica.

No Brasil, em geral as construções são de baixa qualidade, com ausência de profissional habilitado e uso de materiais inadequados. Geralmente são edificações térreas, com fundações insuficientes, ausência de elementos estruturais, alvenarias e cobertas executadas com pouco critério.

- Desabamento de casa na cidade de João Câmara/RN.

Este é o padrão construtivo adotado nas cidades do interior do Brasil e na periferia das grandes cidades. Nos casos particulares de João Câmara-RN e Palhano-CE, após os sismos as residências passaram por processos de reforços estruturais desenvolvidos pelo Batalhão de Engenharia do Exército.

Apesar de não ser alarmante, o nível de sismicidade brasileira precisa ser considerado em determinados projetos de engenharia, como centrais nucleares, grandes barragens e outras construções de grande porte, principalmente nas construções situadas nas áreas de maior risco.

Os maiores terremotos no Brasil

O Brasil ocupa uma posição privilegiada no globo por estar no centro de uma placa tectônica, enquanto os grandes abalos ocorrem onde há o encontro delas.

O Brasil é um dos países mais calmos do mundo. Apenas algumas regiões da Antártida e o Centro-Leste dos Estados Unidos, que também ficam no interior de placas, são tão calmas.

O Mapa mostra a divisão das placas tectônicas da crosta terrestre - Foto: WIKIMEDIA/Reprodução.

As chances de um grande terremoto, como o que atingiu a Turquia, acontecer no Brasil são remotas, mas o país não está livre de reflexos dos grandes abalos.

Toda polêmica acerca da “imunidade” do Brasil em relação à ocorrência de terremotos foi derrubada pelo Departamento de Geografia do Instituto de Geociência, liderado por Allaoua Saadi, quando foram encontradas 48 falhas geológicas em toda extensão do território brasileiro.

São nessas falhas que desenvolvem os terremotos, por meio do movimento das placas tectônicas. As falhas se formaram há milhões de anos em um longo processo geológico.

A Escala Richter

No Brasil os terremotos acontecem basicamente por dois fatores:

- Proximidade com os países andinos: Os tremores de terra desse tipo são mais comuns nos estados que fazem divisa com os demais países da América do Sul. Isso porque a borda oeste da América do Sul está bem próxima da zona de convergência entre a placa Sul Americana (onde está o Brasil) e a placa de Nazca, que está sob o oceano Pacífico.

A placa de Nazca, por ser composta por rochas mais densas, penetra sob a placa Sul Americana e, à medida que desce, pode acumular e liberar energia. O foco desses abalos pode variar de 0 a mais 700 km de profundidade.

A descida da placa de Nazca, ao chocar-se com a placa Sul Americana, origina em diferentes profundidades pontos de acúmulo e liberação de energia. Os terremotos de foco raso são aqueles que ocorrem em profundidades maiores que 300 km. Carlos Uchôa/UEFS/Divulgação.

Por isso que terremotos com epicentro na Argentina podem ser sentidos em cidades brasileiras, como foi o caso do tremor de terra relatado por alguns moradores de São Paulo, no dia 10 de maio de 2022. O foco, além de profundo, também pode estar sob território brasileiro. Foi o que aconteceu mais recentemente, no dia 07 de junho de 2022, quando um terremoto de magnitude 6,5° na escala Richter atingiu o estado do Acre.

- Acúmulo de energia intraplaca: Apesar de os terremotos se concentrarem mais nos limites das placas, muita energia pode se acumular no interior delas, já que o deslocamento atinge toda a placa.

Além disso, a velocidade e a direção de deslocamento variam ao longo da placa, criando zonas onde o acúmulo de energia é maior. A energia acumulada ao longo de uma antiga falha geológica pode promover sua reativação, provocando o terremoto.

As regiões propensas a esses acúmulos e dissipação vão ter, ao longo do tempo, um número significativo de sismos. Essas áreas chamam “Zonas Sismogênicas”.

Distribuição dos sismos no Brasil. Os círculos azuis são os eventos relatados historicamente, enquanto que os círculos vermelhos representam os terremotos registrados a partir de sismógrafos. LABSIS/UFRN/Divulgação.

No Brasil continental, as zonas sismogênicas mais ativas são as de João Câmara no Rio Grande do Norte, Palhano no Ceará, Agreste de Pernambuco, Recôncavo Baiano, e as serras do Mar e da Mantiqueira, envolvendo estados do sudeste. A região central do Brasil possui uma sismicidade relevante também.

01. Amazônia - 1690

Um terremoto na Amazônia devastou há mais de 300 anos uma grande área na margem esquerda do rio Amazonas, a aproximadamente 45 quilômetros de Manaus, capital do Amazonas.

Fortes ondas no rio Amazonas alteraram o sentido da corrente de um de seus afluentes, o rio Urubu, e inundaram aldeias indígenas à semelhança de um tsunami de pequeno porte.

Relatado no diário do padre Samuel Fritz (1654-1725), que atuou na Amazônia durante 40 anos catequizando os índios, o terremoto de 1690 é atestado cientificamente pela primeira vez, com base em estudos sismológicos do pesquisador do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), Alberto Veloso.

O estudo foi publicado recentemente na revista da Academia Brasileira de Ciências, em versão em inglês.

Alberto Veloso diz que, após seus estudos, o terremoto de 1690 já pode ser considerado como o maior do Brasil. Ele estima que a magnitude do terremoto foi de 7,0° na escala Richter, sendo sentido a mais de 1.000 km de seu epicentro, localizado na margem esquerda do rio Amazonas, próximo de Manaus, que na época era um ajuntamento de cabanas cobertas de palhas.

Alberto Veloso afirma em seu estudo que o Brasil não está imune a sismos fortes e potencialmente danosos. “Tremores parecidos poderão repetir-se, não somente na Amazônia, como em qualquer outra região brasileira”, disse o pesquisador.

Segundo Veloso, caso ocorra um novo tremor desta magnitude, os danos na região do epicentro serão generalizados. “Estruturas bem edificadas poderão sofrer estragos profundos e até colapsos parciais. Construções frágeis desabarão por completo, outras serão deslocadas de suas fundações, barragens de pequeno porte poderão romper, assim como tubulações subterrâneas facilitando a propagação de incêndios. Certamente haverá pânico, serviços básicos serão interrompidos. Pessoas cairão pelo chão, muita poeira se elevará dos desabamentos que fatalmente atingirão moradores e o número de mortos poderá ser elevado. Com menor intensidade isto poderá se repetir em localidades a dezenas de quilômetros do epicentro”, afirma.

Via: Amazonia Real

02. Serra do Tombador - MT - 1955

O segundo maior terremoto da história do Brasil já registrado ocorreu no estado do Mato Grosso, na Serra do Trombador, localizada no norte do estado, a cerca de 540 km de Cuiabá e 100 km da cidade de Porto dos Gaúchos. O episódio ocorreu em 31 de janeiro de 1955, atingindo cerca de 6,6° na Escala Richter, o suficiente para provocar graves problemas em uma cidade muito povoada. No entanto, não houve graves incidentes com a população, haja vista que a área não era muito povoada.

Na época, a única estação sismográfica brasileira, no Observatório Nacional/RJ, não tinha sismógrafo em operação. Porém, as oscilações do chão em Cuiabá provocaram um registro no barógrafo do Observatório de Meteorologia Dom Bosco, situado na cidade.

Mas quase uma centena de estações sismográficas espalhadas pelo mundo registraram o tremor mato-grossense, por isso, foi possível conhecer sua magnitude, epicentro e, mais tarde, o tipo de falha que o produziu.

A área onde ocorreu o terremoto é considerada bastante sísmica por conta de uma falha geológica e onde ocorreram outros eventos com magnitudes consideráveis.

Pelo menos dois deles atingiram magnitudes maiores que 5 na região do município de Porto dos Gaúchos, a 644 km de Cuiabá.

Via: RDnews

03. Terremoto de Vitória - ES - 1955

No dia 28 de fevereiro de 1955, a cidade de Vitória, ES, foi abalada por um terremoto de magnitude 6,3° na Escala Richter, cujo epicentro localizou-se no mar, a aproximadamente 360 km de Vitória, na região da cadeia submarina Vitória-Trindade, uma sucessão de montes vulcânicos que se estendem em direção ao continente por mais de mil quilômetros, entre os paralelos 20º e 21° S.

O terremoto também foi sentido em Cariacica, Vila Velha, Guarapari e Colatina

Objetos caíram de móveis, vidraças se partiram e algumas casas foram destelhadas, mas ninguém se feriu seriamente. Nem o Observatório Nacional ou alguma estação barométrica registrou esse tremor, somente estações sismográficas internacionais.

04. Terremoto de Tarauacá - AC - 2021

Terremoto de magnitude 6,5° na Escala Richter no Acre é um dos mais forte já registrado da História do Brasil - (Crédito: Reprodução/USGS )

Um grande e profundo terremoto foi registrado no município de Tarauacá, Acre, na noite do dia 07 de junho de 2021. O tremor de magnitude 6,5° na Escala Richter ocorreu a mais de 620 km de profundidade, de acordo com os dados do USGS (o serviço geológico do governo dos EUA).

Ele teve seu epicentro no Acre, a 108 km a sudoeste da cidade de Tarauacá, em um ponto próximo da fronteira com o Peru e não houve relatos de vítimas ou de destruição causada pelo sismo.

"No Acre, o tremor foi tão profundo que, apesar de a magnitude ser altíssima, não causou problemas na superfície. Destruição era praticamente impossível", afirma Bruno Collaço, sismólogo da USP (Universidade de São Paulo).

O pesquisador da USP disse, inclusive, que o tremor deve ser classificado como um sismo andino - referente à Cordilheira dos Andes -, e não como um "sismo brasileiro", apesar do epicentro ter sido registrado no Acre.

Isso porque o terremoto teve como causa o contato entre a placa tectônica de Nazca (que fica na costa oeste da América do Sul) e a placa sul-americana. Segundo Collaço, houve a chamada subducção, termo usado quando uma placa entre embaixo de outra.

Já os chamados tremores brasileiros ocorrem quando a placa africana "empurra" a placa sul-americana (que, basicamente, é "apertada" entre a africana e a de Nazca). Um exemplo é o terremoto com magnitude 6,6° na Escala Richter registrado na Serra do Tombador, Mato Grosso, em 1955, considerado até hoje como o segundo maior "tremor brasileiro".

Enquanto os terremotos andinos acontecem a centenas de quilômetros de profundidade, os tremores brasileiros ocorrem mais próximos da superfície, a até 15 km. Por isso, seus efeitos podem ser muito maiores e mais sentidos pela população, mesmo com magnitude menor.

Segundo Collaço, há terremotos brasileiros de magnitude 3 praticamente toda semana. Os de magnitude 4 ocorrem de duas a três vezes por ano e os de 5, a cada cinco anos. Já os que chegam à magnitude 6, como o da Serra do Tombador, ocorrem, aproximadamente, a cada 50 anos.

Via: Folha de SP

05. Divisa Acre Amazonas - 2007

Um tremor de terra de magnitude 6,1° na Escala Richter foi detectado no dia 21/07/2007 na região amazônica pelo sistema de monitoramento da Sociedade Geológica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês). O tremor foi registrado às 10:27 h (horário de Brasília).

Segundo a USGS, o epicentro do terremoto, na divisa dos Estados do Acre e do Amazonas, foi a 165 quilômetros a leste da cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, e a 425 quilômetros a noroeste da cidade de Rio Branco, capital do Acre.

Apesar da magnitude do sismo, o tremor não teve consequencias graves pois ocorreu a cerca de 600 quilômetros de profundidade. "As ondas geradas por esse tremor perdem a energia”, explicou o chefe do Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Vieira Barros.

Esses são sismos interplacas, que acontecem em função do choque das bordas de duas placas tectônicas. Elas se rompem e se quebram a grandes profundidades. Como tem um foco muito profundo, não ocorrem danos.

Via: G1

06. João Câmara - Rio Grande do Norte - 1986

O sismo mais famoso e que causou maior impacto econômico e social, no entanto, foi sem dúvida o da pequena cidade de João Câmara, no Rio Grande do Norte, com então 23 mil habitantes, registrado às 3:22 h da madrugada de 30 de novembro de 1986, com magnitude de 5,1° na Escala Richter. "Na verdade, naquele dia aconteceu o maior de uma série de 50 mil abalos, aproximadamente", explica o sismólogo José Alberto Vivas Veloso, pesquisador aposentado e ex-chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) e autor do livro O terremoto que mexeu com o Brasil, no qual relata o evento.

As consequências, diz ele, foram catastróficas. Cerca de 4.350 edificações foram destruídas ou danificadas, deixando milhares de desabrigados, inclusive de municípios vizinhos, com algumas famílias perdendo praticamente tudo o que possuíam. Além disso, o abalo paralisou as pequenas indústrias e o comércio locais e suspendeu as aulas nas escolas da região.

"Em pouco menos de duas horas, além do tremor principal, ocorreram quatros outros com magnitudes entre 4,0 e 4,3 pontos, intercalados por dezenas de réplicas importantes", conta Veloso. "O ciclo de atividades iniciado naquele dia durou sete anos, período em que foram registrados 20 eventos iguais ou maiores que 4,0, inclusive um de 5,0, no 10 de março de 1989."

Via: BBC

07. Itacarambi - MG - 2007

Seis casas da localidade foram completamente destruídas pelo abalo sísmico. Em uma delas estava Jessiquele Silva, que morreu sob os escombros.

No dia 9 de dezembro de 2007, um tremor de 4,9° na Escola Richter, que praticamente devastou a comunidade rural de Caraíbas, no município de Itacarambi (Norte de Minas), matou a menina Jessiquele Oliveira Silva, então com 5 anos, que dormia em casa com a família quando as paredes vieram abaixo.

Seis pessoas ficaram feridas, duas delas com traumatismo craniano. Das 77 casas da localidade seis ficaram completamente destruídas e as demais tiveram as estruturas abaladas.

Com isso, todas as famílias foram removidas para a área urbana de Itacarambi, a 30 quilômetros, onde passaram a morar em um conjunto habitacional construído pelo governo do estado.

Além da comoção, o tremor de Caraíbas passou a ser considerado um marco na sismologia brasileira. “Foi um acontecimento que, apesar de triste e lamentável, teve reflexos significativos sobre o pensamento das pessoas em geral e de nós, sismólogos. Serviu para mostrar que, diferentemente do que se pensava, a terra pode tremer no Brasil, e com consequências trágicas”, afirma o professor Lucas Vieira Barros, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), responsável pelos estudos sobre o abalo sísmico na comunidade rural, cuja causa foi uma falha geológica existente na região. “Foi um aviso de que deveríamos intensificar os estudos e investigações sobre o potencial dos sismos brasileiros”, acrescenta.

Lucas Barros destaca que “Os sismos brasileiros podem ser traiçoeiros. Podem acontecer em qualquer lugar, sem nenhum sinal. Caraíbas/Itacarambi foi um caso desses. Naquela vila, que era habitada havia mais de um século, ninguém nunca havia ouvido falar sobre tremores de terra

Via: EM

Modernização

O cenário técnico-científico da Sismologia brasileira mudou bastante, e para melhor. O Observatório Nacional continua ativo, mas não sozinho.

Nesse espaço de tempo nasceram outras entidades especialmente ligadas às universidades e que, há décadas, são responsáveis pela operação de estações sismográficas semipermanentes distribuídas pelo país. Conta-se com grupos capacitados a viajar para áreas afetadas por sismos, registrá-los e, muitas vezes, descobrir a feição geológica a eles associada.

Desde 2009 vem sendo implantada uma rede de estações sismográficas de última geração (RSBR, Rede Sismográfica Brasileira), que dará ao Brasil posição de destaque mundial em termos de monitoramento sísmico.

Paralelamente, estão sendo aperfeiçoados programas de análise de dados sísmicos que, automaticamente, determinam o local de ocorrência do tremor e o seu tamanho. Em 20/02/2014, o IAG/USP conseguiu localizar um terremoto no Atlântico Sul, mais rapidamente do que o Serviço Geológico dos Estados Unidos, a entidade mais respeitada, internacionalmente, neste tipo de trabalho.

Portanto, com esta infraestrutura instrumental e pessoal qualificado no comando, é impossível deixar de registrar um terremoto importante com epicentro em nosso território, - a situação de 1955, jamais se repetirá. Na realidade, em 26/01/2015, a RSBR detectou automaticamente um pequeno tremor de magnitude 3,9 em Porto dos Gaúchos, MT, na mesma região epicentral do terremoto de 1955!

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